Biografia

Pintor, ceramista e escultor. Pelotas, 1928 – 2007

Foi aluno de Aldo Locatelli na escola de Belas Artes de Pelotas. Mais tarde estudou pintura com Iberê Camargo, cerâmica com Luisa Prado, xilogravura com Danúbio Gonçalves e escultura com Bruno Vicentin. Artista premiado em salões e com diversas exposições individuais e coletivas. Foi diretor do MARGS entre 1979 e 1980.

Fonte: Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul / Renato Rosa e Décio Presser – Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1997.

Um artista.

A singularidade do escultor e pintor Jader Osório de Siqueira pode ser medida por sua doação e espiritualidade e mais ainda pelo respeito que seus pares lhe dedicaram. Artesão no melhor sentido, teve sólida formação artística iniciada (e concluída) em Pelotas, sua terra natal, pelas mãos de Aldo Locatelli. Em cinqüenta anos de trabalho, Jader percorreu desde a rigorosa disciplina acadêmica, passando por longos períodos dedicados à cerâmica e à pesquisa com novos materiais. Utilizou em seus trabalhos desde pregos alem de outros inusitados objetos na composição de suas pinturas, assim como uma rigorosa vibração óptica e cromática. Mas a projeção deu-se através de esculturas modulares onde materiais industriais ganharam nova e digna linguagem. Jader Siqueira é um valor que soma – e muito – à arte gaúcha. Seu legado é sua obra e ela merece constante admiração.

Renato Rosa
Co-autor do “Dicionário de Artes Plásticas no Rio Grande do Sul”, 2a ed., 1999, Editora da Universidade.

Um esboço de Jader de Siqueira

Nas palavras de Carlos Scarinci, “a arte para Jader de Siqueira tem sido uma constante busca”. Formado pela Escola de Belas Artes de Pelotas (1953), onde estudou com Aldo Locatelli, logo procurou libertar-se dos convencionalismos acadêmicos, através de um tipo de expressão que valorizasse a sensibilidade. Foi assim que encontrou na cerâmica, que estudou com Luiza Prado e Pierre Prouvot, um primeiro caminho para manifestar sua comovida solidariedade à gente humilde e cotidiana, num pronunciamento ao mesmo tempo social e lírico. Mas também esse expressionismo seria, em seguida, abandonado pela busca de uma autenticidade mais essencial. Nesse sentido, o encontro com Iberê Camargo, num curso dado no Museu de Arte do RGS, em 1965, marcou seu abandono da figura pela abstração. Ao contrário de Iberê, no entanto, Jader optou por uma expressão organizacional e não por uma lírica individual e dramática. Uma pesquisa sistemática de técnicas e materiais permitiu-lhe a produção de painéis mistos de cerâmica, tinta plástica, areia, cola, objetos, etc, em que as variações de superfície, texturas, volumes, cores e formas eram dominadas por uma forte vocação de harmonia. Interessante notar a aparência de mecanismos destes painéis, porque esclarece o passo seguinte: Jader pintando formas decorativas rigorosas, utilizando pregos e lâminas circulares de serra. Embora algumas dessas pinturas possam dar a impressão de emblemas totêmicos, predomina nelas a preocupação com a estrutura geométrica, com uma organização ao mesmo tempo inteligente e sensível que, ao disciplinar a emoção, canaliza-a numa visão outra, mais cósmica, talvez mística. A série ‘Disco Solar’ como que encerra um período de buscas, definindo um geometrismo básico capaz de simbolizar uma ordem universal, em que a luz é caminho e comunicação de centros circulares irradiantes de cores vibrantes e de novas harmonias. Se, a seguir, Jader retomou a cerâmica, produzindo formas equilibradas no espaço, não deixou a pintura, que se foi despojando até alcançar uma feição de formas seriais, também desdobrando-se fluentemente no espaço, organizações geométricas constituídas por graus de luminosidade monocromática que restabelecem a continuidade de um tom do branco à sombra. Pode-se dizer que nestas pinturas a luz ganha forma corpórea e movimento, definindo um espaço. E o que é mais, confirmam uma constante várias vezes identificada pela crítica: a da vocação escultórica de toda a obra de Jader Siqueira que, mais do que ceramista, já nos seus primeiros tempos pesquisava volumes e formas espaciais. Mesmo na pintura, como se viu, suas formas buscam definições de volumes que são como corpos de luz, o que sem deixar de ser pintura, indica também a escultura. Pois esta, no início da década de 80, passou para o centro de interesse mais imediato do artista, que aproveitando materiais e pigmentos atuais procura realizar novas harmonias formais em três dimensões plenas. Novamente ele associa forma, cor e volume, mas são, geralmente, os módulos repetidos que dão o caráter variável de cada peça, definindo-as como surpreendentes presenças espaciais, cuja lei de geração deve o espectador realizar através do prazer da descoberta. De certa maneira, a escultura de Jader, ao concluir logicamente todo o seu percurso anterior, abre um novo caminho e o faz de modo tão afirmativo que se pode esperar realizações inovadoras. Fuhro afirma, em 1994, que “as formas ligadas à estrutura de equipamentos sempre motivaram ‘o fazer’ de artistas. Formas do todo, ou de partes desses pertences oriundos da indústria, através dos diversos tipos de engenharia, fascinam alguns artistas. Passam a participar e a influir no seu imaginário. Jader de Siqueira é um desses artistas.” A certeza dessa afirmativa é nos reportarmos ao período em que pregos faziam parte fisicamente de suas pinturas. É nos reportarmos ao excelente trabalho desenvolvido por Jader na sua pesquisa escultórica com tubos e conexões de PVC. Retomando a atividade de pintor, Jader de Siqueira mantém sua viva inquietação sempre voltada em busca de meta linguagem para com as formas que tem como referência, o intrigante mundo da tecnologia, do circuito impresso, do relé, do chip, da auto-peça, etc. O trabalho e Jader de Siqueira é o da transmutação desses pertences, desses componentes, que na sua pintura, no quadro em si, conquistam um significado, que no dia a dia do existir, não nos damos conta. Atualmente, conforme Roberto Gigante, “em sua fase cibernética, Jader apresenta um trabalho extremamente criativo e limpo, bem deacordo com a área da informática, dos sistemas informatizados e da realidade virtual.”

É autor do livro INTRODUÇÃO AO MUNDO DA PINTURA (não editado), obra autobiográfica sobre a arte a partir da década de 70, pela ótica de quem vivenciou seus bastidores. Também autor do livro PINTURA PARA PRINCIPIANTES (em negociação para edição), guia prático para os interessados em começar a pintar.

Sem título - Escultura em resina vermelha, 1997 - 49 x 18 x 41cm.

Sem título – Escultura em resina vermelha, 1997 – 49 x 18 x 41cm.

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