Biografia

Atualização: 23/9/2017:

ANTÔNIO CARINGI
(Pelotas, 25 de maio de 1905 — Pelotas, 30 de maio de 1981)

Foi um escultor brasileiro. Iniciou a sua carreira internacional em 1928 onde aprimorou sua técnica como escultor, principalmente na Academia de Belas Artes de Munique, Alemanha. De volta ao Brasil em 1934, concorreu e venceu o concurso para a estátua equestre do general Bento Gonçalves. Retornou para a Europa, em 1936, para aperfeiçoar sua técnica, viajando por diversos países. Voltou definitivamente no Brasil em 1940 por ocasião da Segunda Guerra Mundial.

ANTONIO CARINGI, o escultor pelotense é considerado o maior estatuário da história da arte no Rio Grande do Sul. São dele, entre outras obras, a Estátua do Laçador, um dos símbolos de Porto Alegre, e o Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha. Nos dois casos, Caringi conquistou a condição de produzi-los em concurso público. O Monumento ao Imigrante, de Caxias do Sul, a estátua eqüestre de Bento Gonçalves, em Porto Alegre e o monumento em homenagem ao Soldado Farroupilha, também conhecido como o Bombeador, na Praça Vinte de Setembro, aqui em Pelotas, também são obras de destaque.

Nascido em Pelotas, Caringi fez estudos primário e ginasial em Bagé, transferindo-se depois a Porto Alegre, onde bacharelou-se em Ciências e Letras e foi acadêmico de Engenharia também. Em 1928 embarcou para a Europa, onde aprimorou sua técnica como escultor, principalmente na Academia de Belas Artes de Munique. Paralelamente às atividades artísticas, exerceu cargos diplomáticos na Itália, Dinamarca, Suécia, França, Turquia e Grécia. Além das obras citadas, podemos encontrar seus trabalhos em logradouros e pinacotecas em diversos Estados, entre eles Bahia e Rio de Janeiro, mas a predominância é no Rio Grande do Sul. Foi um dos mais premiados artistas do Estado. Morreu em 30 de maio de 1981.

A ESCULTURA NO RIO GRANDE DO SUL NO INÍCIO DO SÉCULO XX:
ANTONIO CARINGI E FERNANDO CORONA
Heleuza Carrilho Tuka de Almeida

A trajetória de Antonio Caringi
Antonio Caringi nasceu em Pelotas, em 18 de maio de 1905. Desde pequeno, teve muita inclinação para a escultura, estudou desenho no Instituto de Belas Artes com o professor Francis Pelichek. Em 1925, durante o Salão de Outono, o artista apresentou diversas esculturas em gesso, demonstrando um talento escultórico muito grande. Entre as obras apresentadas no Salão, destacam-se: Cabeça de Poeta, O Pintor João Fahrion, Menina Altiva, Dolorosa e O Pintor Rossani. No período de 1928 a 1940, Caringi obteve sua formação artística na Alemanha, na Academia de Belas Artes de Munique. Aí teve aulas com os escultores Herman Hahn, Hans Stangl e Arno Becker. Esses três artistas foram herdeiros de Adolfo Hildebrand que se empenhou em romper com a tradição naturalista da escultura da Alemanha, voltando o estudo dos antigos, às suas leis e regras, pesquisando um caminho novo que levasse à inspiração artística do mundo.

Dessa forma Hahn procedia do naturalismo e se aplicou a buscar uma escultura mais plástica, tanto na escultura monumental quanto nos retratos e também na pequena escultura e nas medalhas. Hans Stangl, que produziu uma obra mais equilibrada entre o sentimento e o puramente plástico. E por fim Caringi foi aluno de plástica monumental na turma de Arno Becker, escultor alemão influenciado por Rodin, Despiau e Maillol.

Entre 1926 e 1937, Becker trabalhou em Paris e em seguida foi solicitado para trabalhar para Hitler, tornando-se o escultor oficial do 3º Reich. Os três professores influenciaram de forma decisiva a sua arte.

Caringi aprendeu de Hahn a pôr em relevo as características de masculinidade no seu aspecto exterior, na posição, na estrutura dos membros e em toda a forma. De Stangl, o sentimentalismo expresso na sua obra, mesmo a monumental, onde os sentimentos e as emoções estão expressas nos movimentos, nos gestos amplos e teatrais e nos retratos intimistas mas pleno de emoção. De Becker, Caringi herdou a capacidade de expressar a ideologia em obras discursivas e panfletárias de porte grandioso e que serviam plenamente ao discurso formativo de uma simbologia do Estado Novo e da ideologia que dominou a nação até a morte de Getúlio Vargas, em 1954.

Cabe destacar que a maioria das obras de Antonio Caringi foram consagradas através da participação em concursos. Suas premiações compreendem cinco menções da Academia de Belas Artes de Berlim, duas medalhas de ouro no Brasil e o Grande Prêmio da Fundação Felipe de Oliveira. Vencedor de onze concursos no Brasil (monumento à Revolução Farroupilha, a Maurício Cardoso, ao General Daltro), teve ocasião de expor Em Munich, Paris, Berlim, e na “biennale” de Veneza.”

Em junho de 1936, em uma sala da Biblioteca Pública do Estado, em Porto Alegre, Caringi realizou sua primeira exposição individual de obras executadas na Alemanha. A exposição certificou a sua tendência ao tradicional, reafirmando-se no modelo neoclássico, influenciado por Hahn, Stangl e Becker. Eram bronzes que mostravam a influência que recebeu naquele país e que serviu como embasamento na formação de seu estilo.

As produções realizadas no período são mostra da profusão clássica que, através de estudos e pesquisas, constituíram o ponto de partida de sua realização como artista.

Hegel destaca que “temos na arte um peculiar modo de manifestação do espírito; dizemos que a arte é uma das formas de manifestação porque o espírito, para se realizar, pode servir-se de múltiplas formas”.

É a configuração de Caringi que sensibiliza até hoje a quem admira sua escultura, pois o artista, ao realizar sua obra, modelou a forma com unidade, organizando os elementos plásticos, de modo que as partes se uniam para organizar um conjunto. A forma, na escultura de Antonio Caringi, “não é simplesmente um pedaço de pedra, bronze ou madeira com o formato de um homem; é o próprio homem em bronze, com conteúdo e com alma”, como se observa na estátua pedestre em bronze, “O Laçador” realizada em “1958 e medindo 4,45 metros de altura, assentada num pedestal de granito, situada na Avenida Farrapos, na entrada de Porto Alegre, para a qual serviu de modelo o folclorista Paixão Cortes. A obra representa e expressa originalidade, expressão e beleza.

A figura do gaúcho já faz parte da paisagem, integrando-se a ela, pois, segundo Hegel, é impossível fazer uma estátua ou um grupo e, com mais razão, um relevo, sem tomar em consideração o lugar que a obra terá de ocupar. Não começamos por realizar uma obra de arte, para procurar em seguida o sítio onde se colocará, mas não pode nem deve ser concebida senão nas suas futuras relações com um certo ambiente exterior, com a sua disposição e a sua forma espacial. A este respeito, existe um laço permanente entre a escultura e os espaços…

A composição da obra monumental mostra os elementos estruturais e intelectuais de maneira harmônica, construída ao longo da vida do artista através da experiência vivida, da busca permanente para o aprimoramento da técnica e do conhecimento adquirido através de muito estudo.

Além de “O Laçador”, várias outras obras executadas por Caringi podem ser destacadas: a estátua equestre do General Bento Gonçalves da Silva, em Porto Alegre, cavalgando em marcha, revela a formação que Caringi recebeu de seus mestres alemães, o Monumento ao Imigrante, em Caxias do Sul; Sentinela Farroupilha, em Pelotas; Loureiro da Silva, em Porto Alegre e vários jazigos-monumentos, como os de Daltro Filho, Maurício Cardoso e Aparício de Almeida, todos em Porto Alegre.

“Numa época em que o Cubismo era a expressão na Europa, Caringi não buscava formas estranhas, mas oferecia a simplicidade pelo idealismo, a sinceridade pela fiel representação, procurando sempre o registro da realidade”.

Observa-se que a força de expressão, o ritmo, o movimento e a harmonia dos elementos fazem parte do conjunto das obras de Antonio Caringi.

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