Biografia

Desenhista, gravador e professor, nascido no Rio de Janeiro em 1895, parte com a família para Belém do Pará onde permanece até os seis anos de idade. Seu pai, o eminente naturalista suíço Emílio A. Goeldi desempenhou papel importante na formação dos estudos científicos sobre a fauna e a flora amazônicas. Esta infância embalada à sombra da exuberância do mundo tropical marcará sua atividade de ilustrador. A partir dos seis anos estudou na Suiça.

1916 – Ingressa na Escola de Artes e Ofícios (École des Arts et Métiers de Genève), em Genebra. Decepcionado, abandona-a também e dedica-se ao trabalho de ateliê com dois pintores, Serge Pahnke (1875-1950) e Henri van Muyden (1860-1936). Permanecendo um tempo curtíssimo sob a tutela dos dois artistas, resolve continuar seu trabalho artístico isoladamente, sempre desenhando muito, seguindo sua necessidade interior.

1917 – Após a morte do seu pai abandona definitivamente os estudos de engenharia. Realiza sua primeira exposição, na Galeria Wyss, em Berna, evento que lhe propiciou o primeiro e definitivo contato com a obra de Alfred Kubin (1877-1959), que, a partir de 1911, participava com Franz Marc e Wassily Kandinsky, de uma exposição que circulou pela Europa – O Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter).

Em 1919 Goeldi retorna ao Brasil pois, após a morte do patriarca Emílio Goeldi, a família não consegue recursos para mantê-lo na Europa. Inicialmente trabalha no Banco de Londres (London and River Plate Bank), como escriturário bancário. Inicia neste ano, humildemente, os primeiros trabalhos para a revista Paratodos, além das páginas dominicais de A Manhã . Dedica-se então, exclusivamente, à ilustração de periódicos e livros, fazendo desta atividade um meio de subsistência.

1950 – Sua evolução artística atinge um reconhecimento cada vez maior da crítica de arte. Goeldi participa de várias exposições internacionais entre 1950 e 1960. São inúmeros os países que recebem exposições das suas gravuras e desenhos: Itália, Paris, Suíça, Uruguai, Equador, Argentina, Alemanha e Áustria, estão entre os principais. Como confirmação da sua importância como artista recebe Medalha de Ouro no II Salão Baiano de Belas Artes em Salvador.

Em 1951 o seu esforço é totalmente reconhecido através do maior prêmio de gravura na I Bienal Internacional do Museu de Arte Moderna de São Paulo . Após vários anos de dedicação exclusiva à sua arte, a crítica finalmente reconhece o valor inovador dos seus trabalhos e o agracia com este importantíssimo prêmio.

Em 1952, Goeldi participa de várias bienais internacionais, sendo que sua participação em Veneza aconteceu nas bienais de 1950, 1952, 1956 e 1958. Neste ano de 1952, o artista é convidado a expor seus trabalhos em Paris, na Associação Artística e Literária, participa de uma Bienal Internacional de xilogravura em Tóquio e expõe em Santiago do Chile. Goeldi torna-se professor de xilogravura na Escolinha de Arte do Brasil, uma iniciativa inovadora de Augusto Rodrigues.

Em 1953 participa da II Bienal de São Paulo, com sala especial destinada para seus trabalhos. Nos próximos anos, com o crescente interesse por sua obra, Goeldi passa a trabalhar em formatos maiores, encomendando madeiras tropicais de extrema resistência e dureza, como é a peróba-rosa. Suas gravuras atingem um nível expressivo e técnico inquestionável. Goeldi dava preferência a madeiras resistentes, de superfície uniforme extraindo delas um preto denso e aveludado. Os contrastes da impressão eram sempre conseguidos através da manipulação do uso da colher de impressão. Goeldi expõe seguidamente no exterior, seja individualmente ou em coletivas.

Em 1960, Goeldi recebe o I Prêmio Internacional de Gravura na II Bienal Interamericana do México, no Palácio de Belas Artes da Cidade do México. Este prêmio, ainda que tardio, deixou-o extremamente feliz pois chegou num momento em que o artista já estava gravemente doente e, mais ainda, porque veio de um país onde a xilogravura tem profunda importância cultural e política. A gravura mexicana é famosa por seu vínculo com o povo e suas lutas por liberdades e cidadania.

Goeldi grava duas xilogravuras para o livro Poranduba Amazonense, de João Barbosa Rodrigues (1842-1909), projeto que permanece inacabado. Este último grande projeto já o encontrou extremamente fragilizado, sem forças para dar continuidade ao trabalho de toda sua vida – a xilogravura.

No dia 15 de fevereiro de 1961, numa quarta-feira de cinzas, Goeldi vem a falecer, no acanhado e pequeno ateliê que alugava no Leblon, à rua Dom Pedrito. “Como um legítimo herdeiro do romantismo alemão, Goeldi tinha o amor pelo mistério da noite, pelas ruas humildes, pelas casas velhas, pelos namorados tristes, pela tragédia da morte”.

Texto de Antonio Bento, extraído do catálogo da exposição Oswaldo Goeldi, no MAM/RJ, maio, 1961.

Casario - desenho a nanquim - 12 X 17cm - ass. CID - INDISPONÍVEL

Casario – desenho a nanquim – 12 X 17cm – ass. CID – INDISPONÍVEL

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